• Abusos em Propagandas Influencia na Alimentação das Crianças

    Nos últimos anos, a propaganda de alimentos para crianças tornou-se um assunto
    muito delicado na mesa das agências de publicidade, nas casas dos brasileiros e nas
    corporações alimentícias. No dia 4 de abril de 2014, o Diário Oficial da União publicou
    a Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
    (Conanda) com o objetivo de esclarecer que o direcionamento da publicidade e comunicação
    mercadológica à criança é uma prática abusiva e, portanto, ilegal segundo a legislação.
    Contudo, ela continua presente nas telas de TV, Computadores, Smartphones e nas gôndolas
    dos mercados.

    O Instituto Alana, organização sem fins lucrativos, que trabalha pela garantia de
    condições para a vivência plena da infância, através da sua advogada Ekaterine Karageorgiadis denunciou recentemente a prática ilegal de grandes empresas, incluindo duas gigantes do setor alimentício. “Estão desenvolvendo estratégias cada vez mais complexas para colocar as crianças em contato com a marca em todos os ambientes de convivência que ela transita, tanto físicos como virtuais, com o interesse único de persuadir e seduzir a consumir um produto. Isto é injusto, antiético e ilegal”.

    Corroborando com as palavras da advogada um estudo realizado pela Universidade de
    Liverpool verificou que as crianças que assistem propaganda de alimentos pouco saudáveis na televisão estão mais propensas a desejar alimentos ricos em gorduras e açúcares. Foram
    avaliadas as preferências alimentares de um grupo de 281 crianças entre 6 e 13 anos da
    Inglaterra. As crianças assistiram a um episódio de um desenho popular e novamente 2
    semanas depois. Em cada vez, o desenho foi precedido de 5 minutos de comerciais, um deles
    com propaganda de brinquedos e outro com alimentos, principalmente salgadinhos e lanches. Após cada apresentação, as crianças escolheram, entre uma lista de vários alimentos, quais elas gostariam de comer. Verificou-se que TODAS as crianças escolheram alimentos mais ricos em gorduras e carboidratos após assistirem os comerciais sobre alimentos. Também se observou que as crianças que assistiam televisão por mais do que 21 horas por semana eram mais propensas a serem influenciadas pela propaganda de alimentos do que aquelas que assistiam a menor quantidade de televisão.

    Ainda sobre o assunto: Em novembro de 2015, a presidente Dilma Rousseff assinou um
    decreto que vetou qualquer tipo de propaganda de leites artificiais, mamadeiras, papinhas,
    fórmulas, produtos farináceos e chupetas em veículos de comunicação. A medida visa reduzir
    o uso de produtos comerciais na amamentação e assegurar a utilização adequada de produtos direcionados a crianças de até 3 anos.