• 2016: A crise como fator de motivação para melhorar seus hábitos de vida

    A palavra crise está estampada nas capas de jornais, revistas e portais de notícias nos últimos meses. O aumento do desemprego, os juros ultrapassando a barreira dos 14%, previsões nada otimistas em relação ao PIB, a desvalorização da nossa moeda e os escândalos na política dão forma a um período conturbado no Brasil.

    Uma pesquisa divulgada em janeiro deste ano pelo Instituto Data Popular apontou que nove entre dez brasileiros diminuíram o consumo em relação ao ano passado, em função da crise econômica. As entrevistas foram feitas entre os dias 4 e 12 de janeiro com 3,5 mil consumidores maiores de 16 anos em 153 municípios de todos os estados. Segundo os dados, dos 99% dos consultados que acreditam que o país está em crise, 81% têm certeza de que vivenciam um período de recessão. Para 55%, esta é a pior crise que já enfrentaram. Mas enquanto algumas pessoas fazem desse cenário um pesadelo, há quem aproveite a situação para melhorar sua qualidade de vida.

    Na alimentação:

    Conforme Renato S. Maluf, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Brasileiro, se o encarecimento dos derivados de trigo funcionarem como estimulo à volta de alguns produtos que o país é mais capaz de produzir, seria algo muito positivo.

    Maluf alerta que diante da alta do dólar e da energia elétrica, os derivados do trigo têm ficado cada vez mais caros nas gôndolas do supermercados e padarias. De acordo com associações de fabricantes, os produtos poderiam ficar mais baratos, se usasse outro tipo de farinha que não a de trigo, que representa mais de 30% dos custos desses alimentos. 

    Um dos vilões da sociedade moderna, o biscoito usa a farinha de trigo em sua fabricação e tem os brasileiros entre seus maiores consumidores. Esse produto poderia ser trocado pelo consumidor por algo com mais valor nutricional, como a tapioca. Hoje, o Brasil está entre os maiores consumidores de biscoito do mundo. Segundo o professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) Carlos Augusto Monteiro. O biscoito entrou na quarta categoria de alimentos, a que deve ser evitada, correspondente aos ultraprocessados, junto com os refrigerantes e salgadinhos de pacote. 

    Na mobilidade urbana

    Em Curitiba, por exemplo o cenário de crescimento econômico recente afetou negativamente o transporte da cidade. A capital do Paraná teve seu Plano Diretor direcionado a pensar no espaço urbano de maneira mais fluida, priorizando o transporte público. Durante o período de crescimento da renda e crédito individual o número de carros acabou crescendo demasiadamente e logo a cidade se viu diante de um sistema de transporte deficitário, incapaz de comportar de maneira satisfatória o grande número de passageiros que carrega por dia.

    Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba tem população estimada em 1.879.355 pessoas. Em janeiro de 2014, o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) apontou que a capital do estado tem uma frota de 1.406.049 veículos circulando. O Paraná tem ainda a terceira maior frota do Brasil, somando carros, motos, ônibus e caminhões (6.489.289), atrás apenas de São Paulo (25,7 milhões de veículos) e Minas Gerais (9,4 milhões).

    Hoje, o aumento do preço da gasolina faz com que, gradualmente as pessoas deixem seus carros em casa e busquem novamente o transporte público e até mesmo bicicletas como meio de mobilidade urbana. Assim poluem menos e adquirem hábitos mais saudáveis de locomoção.