No final de 2015, o Ministério Público de São José do Ouro (RS) apresentou uma
denúncia contra um engenheiro agrônomo que causou intoxicação em 13 pessoas por
utilização indevida de agrotóxico. Esse é só mais um caso de excesso no uso do veneno
para matar pragas da lavoura. Segundo pesquisa realizada em 2014 pelo Instituto
Nacional de Câncer (Inca), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos em todo
mundo.
O mesmo estudo apresentado pelo Inca ainda apontou que em dez anos, a venda de
pesticidas no mercado agrícola brasileiro aumentou de R$ 6 bilhões para R$ 26
bilhões. Atualmente, o país ultrapassou a marca de 1 milhão de toneladas, o que
equivale a um consumo médio de 5,2 kg de agrotóxico ao ano por pessoa. Veneno que
é consumido não somente em alimentos in natura como frutas, legumes e verduras,
mas também em produtos alimentícios industrializados, que têm como ingredientes o
trigo, o milho e a soja, por exemplo.
O Ministério do Meio Ambiente acredita que os agrotóxicos são considerados
extremamente relevantes no modelo de desenvolvimento da agricultura no País. O
Brasil é o maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo. Em decorrência da
significativa importância, tanto em relação à sua toxicidade quando à escala de uso, os
agrotóxicos possuem uma ampla cobertura legal no Brasil. Mesmo assim, segundo o
estudo do Inca, cerca de 450 substâncias são autorizadas para uso na agricultura. A
entidade alerta ainda sobre o uso de muitos princípios ativos que já foram banidos em
outros países. Dos 50 produtos mais utilizados na agricultura brasileira, 22 são
proibidos na União Europeia
Em 2012, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrascp) divulgou um relatório
com estudos que comprovam que agrotóxicos fazem mal à saúde e provocam efeitos
nocivos com impactos sobre a saúde pública e a segurança alimentar e nutricional da
população. A principal alternativa para redução do consumo de agrotóxicos são os
produtos orgânicos encontrados em lojas especializadas, feiras e até mesmo em
alguns supermercados.