• Do campo à mesa: cresce movimento por uma alimentação natural

    A industrialização aumentou o trajeto do alimento entre o campo e a mesa. Se, há poucas décadas, os ingredientes saíam da horta ou do terreiro direto para panela, hoje, a maior parte do que comemos vai da colheita à embalagem, do transporte à distribuição e só então do supermercado para o consumidor. No entanto, existe um movimento que vem ganhando força no mundo inteiro: a alimentação sustentável.

    O conceito deste tipo de alimentação pressupõe uma série de mudanças no comportamento do consumidor, como a diminuição da geração de resíduos, entre sacolas, saquinhos e papéis. Mas o mais importante, aqui, é prezar pelo equilíbrio dos recursos naturais. É necessário respeitar o tempo de cada alimento e, por isso, evitar o consumo de qualquer comida em qualquer época do ano.

    No âmbito internacional, o chef norte-americano Dan Barber é um dos maiores defensores da cozinha sustentável. Unindo gastronomia, agricultura, cultura, história, meio ambiente e antropologia, Barber investe em uma produção local, capaz de confundir seu trabalho de chef com o de agricultor. Isso porque quase tudo o que ele serve em seu restaurante, o Blue Hill, em Nova York (EUA), vem de sua fazenda, passando por processos de produção que incluem desde a escolha de sementes orgânicas até o controle sobre alterações biológicas do solo.

    Quando falamos em sustentabilidade alimentar no Brasil, o chef André Mifano é um bom exemplo a ser citado. No seu restaurante paulistano, que tem como carro-chefe a culinária italiana, 85% dos ingredientes usados são orgânicos e nacionais, sendo produzidos em uma distância de, no máximo, 150 km de sua cozinha. Na visão do cozinheiro, essa iniciativa ajuda a reduzir o impacto ambiental das suas operações.

    Com a palavra, Michael Pollan

    A questão da alimentação equilibrada e da preocupação com a saúde é um assunto insistentemente discutido pelo jornalista Michael Pollan. Em seus sete livros publicados até hoje, Pollan combina história, ciência e antropologia, filosofando sobre assuntos práticos da alimentação.

    Para exemplificar os pensamentos de Pollan, podemos começar citando a obra “O Dilema do Onívoro”, de 2006, na qual o jornalista conta sobre sua experiência em uma fazenda de galinhas orgânicas. Na ocasião, ele percebeu que a automatização dos processos transformava a ave em um pacote de plástico contendo suas partes devidamente separadas em questão de minutos. Com isso, na visão do autor, até mesmo os produtos orgânicos caem em contradição diante dos processos industriais.

    Em outra obra, de 2009, nomeada “Regras da Comida”, Pollan oferece ao leitor 64 ensinamentos para que deixemos as dietas da moda de lado e sigamos comendo qualquer besteira que quisermos, desde que nós mesmos a cozinhemos. Ficou curioso para saber quais são as dicas do jornalista? Você pode conferir algumas delas clicando aqui.

    Por fim, mas não menos importante, em seu último livro, chamado “Cozinhar – Uma História Natural da Transformação”, de 2013, o autor dá um toque biográfico, relatando seus próprios aprendizados na cozinha. Além disso, ele aponta para a necessidade de retomarmos antigas rotinas, como quando toda a família sentava-se à mesa para fazer as refeições. Este tipo de experiência tem grande significado, especialmente para as crianças, que “adquirem os hábitos que caracterizam a civilização”, segundo as palavras do jornalista.