• Meio ambiente e sustentabilidade em debate

     

    O que acontece se você sacar mais do que tem na sua conta bancária?  E se perder o controle nas compras e gastar mais do que ganha? Uma hora o buraco aparece, o crédito some e o saldo fica negativo. É mais ou menos isso que está acontecendo com o planeta. Segundo a organização ambiental WWF, estatísticas recentes comprovam que precisaríamos de dois planetas para dar conta do consumo anual de recursos naturais não renováveis. Mais dramático do que este dado é saber que até 2050 talvez três mundos não sejam suficientes para suprir a demanda humana. Por essas e outras, a conscientização ambiental é mais urgente do que nunca.

    O amplo debate que existe atualmente em torno desta questão começou em 1972. Em junho daquele ano, 113 países e 250 organizações participaram do que seria considerada a primeira tentativa oficial de frear a ação do homem sobre a natureza: a Conferência de Estocolmo, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na Suécia. Do evento resultou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado todo dia 5 de junho em todo o mundo. Mas, na época, a conscientização sobre o tema ainda era incipiente, até porque a realidade era outra. Eram tempos de menos “necessidades modernas”, menos desperdício, menos consumo. As atenções giravam em torno do aumento do buraco na camada de ozônio, do aquecimento global, de animais em risco de extinção – problemas que estão na pauta até hoje, ao lado de inúmeros outros tão ou mais graves quanto.

    Mas o evento serviu como um primeiro alerta: era preciso aprender a cuidar com mais cautela do meio ambiente.

    Vinte anos mais tarde, em 1992, as preocupações aumentaram significativamente. Já se falava em brecar o “desenvolvimento a qualquer custo”. Os países ditos “de primeiro mundo” poluíam e destruíam, enquanto os emergentes, entre eles o Brasil, aceleravam a produção industrial – e começavam a ir pelo mesmo caminho. Na esperança de encontrar medidas ambientalmente sustentáveis para o desenvolvimento econômico de todas as nações, a ONU escolheu o Rio de Janeiro para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Rio 92 (ou Cúpula da Terra), quando 108 chefes de estado se reuniram, mais uma vez durante o mês de junho, para discutir temas ambientais. Dezenas de iniciativas importantes, como o polêmico Protocolo de Kyoto, a Convenção da Biodiversidade, a Declaração do Rio e a Agenda 21, tiveram origem na Rio 92. Mas poucas saíram efetivamente do papel, muito em função de entraves políticos e medo de retrocesso econômico.

    Em 2012, Economia Verde é o tema

    No ano do quadragésimo aniversário do Dia Mundial do Meio Ambiente e exatamente duas décadas depois da Rio 92, o Brasil é novamente sede das comemorações mundiais da data. Durante todo o mês de junho, centenas de atividades serão realizadas no país, em especial no Rio de Janeiro. O ponto alto será a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – também chamada de Rio+20 por marcar os 20 anos da conferência de 1992. Entre os dias 20 e 22 de junho, líderes globais se reunirão para avaliar o progresso feito até agora e as lacunas que ainda existem e abordar novos temas ambientais relevantes a fim de readequar os rumos para o futuro.

    Embora a Rio+20 seja restrita a uma instância governamental, o tema escolhido para o Dia Mundial do Meio Ambiente de 2012 convoca toda a sociedade a repensar seu papel em um mundo que, como se sabe, vem trilhando um caminho perigoso. Economia Verde é um conceito criado para designar uma economia que resulta em melhor qualidade de vida humana, igualdade social e redução de riscos ambientais e de escassez ecológica. Esta nova economia leva em conta, portanto, que o desenvolvimento social e econômico não pode ocorrer à custa do planeta – é preciso haver equilíbrio para que o crescimento seja sustentável.

    O questionamento proposto – Economia Verde: Ela te inclui? – instiga uma avaliação sobre como a Economia Verde se encaixa na vida cotidiana. O fato é que há muito tempo as questões socioambientais deixaram de ser assunto apenas para gente especializada e passaram a dizer respeito a todos. Também não se limitam mais a problemas aparentemente distantes da realidade da maioria das pessoas – o que você poderia fazer quanto ao clima no Ártico ou à extinção das baleias? Hoje, nossa dívida com o meio ambiente é tão grande que as discussões tomaram conta das ruas, dos veículos de comunicação, das escolas e das empresas. Desenvolvimento sustentável – expressão consagrada na Rio 92 e que está na boca do povo – é uma necessidade, aqui e agora. É preciso estar consciente e engajar-se, mesmo que individualmente ou em âmbito local, na pressão às autoridades por ações e leis de proteção à natureza e de estímulo à sustentabilidade. É preciso estar atento, em casa, na rua e no trabalho, para combater práticas ecologicamente nocivas. Ler e informar-se sobre o que acontece no mundo também ajuda, e muito, pois só assim é possível entender as decisões dos governantes e cobrar deles novas posturas quando não se está de acordo.

    Em resumo, além da reunião de lideranças de mais de cem países durante a Rio+20, a ideia por trás do Dia Mundial do Meio Ambiente é fomentar o engajamento popular às causas ambientais. Sem isso, a efetividade das ações e compromissos assumidos vai continuar sendo tímida. No site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (http://www.unep.org/portuguese/wed/), além de informações sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente e o tema de 2012, Economia Verde, há várias dicas que podem dar um norte a quem quer fazer parte deste movimento global na busca pelo equilíbrio da relação homem-natureza.