• Rio+20: resultados são considerados pouco ambiciosos

    De modo geral, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, deixou a desejar em termos de resultados práticos. O documento final de 49 páginas, intitulado “O futuro que queremos”, foi aprovado pelos representantes de 188 países presentes ao evento, mas apresenta poucas decisões concretas.

    Entre as ações mais palpáveis está a criação do Fórum de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável, que substituirá a Comissão do Desenvolvimento Sustentável, criada durante a Rio92 e que teve um papel tímido nesses 20 anos. A função do órgão será fiscalizar o cumprimento dos compromissos assumidos na Agenda 21 (firmada em 1992) e em outras conferências que ocorreram depois, incluindo, claro, a própria Rio+20.

    O texto final também reafirma um dos Princípios do Rio, criado em 1992, sobre as “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, o qual determina que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos. Outra medida aprovada é o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma) e o estabelecimento de um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos.

    Apesar desses avanços, o documento não reflete as expectativas de quem apostava na conferência para mudar os rumos do planeta. Ao buscar o consenso de nações com visões muito diferentes, o texto terminou por não especificar quais são os objetivos de desenvolvimento sustentável que o mundo deve perseguir, nem quanto deve ser investido para alcançá-los, e muito menos quem coloca a mão no bolso para financiar ações de sustentabilidade. O que ele propõe são planos para que esses objetivos sejam definidos futuramente.

    Agora, depende do comprometimento dos países. Se tudo der certo, até 2015 o mundo pode ter objetivos de desenvolvimento sustentável para energia, água, cidades e oceanos, entre outros temas. Mas não há dúvidas de que todos nós perdemos uma excelente oportunidade de colocar em prática ações que melhorem a vida na Terra já no presente e não em um futuro próximo. Resta saber se não será tarde demais.

    O documento final (em inglês) está disponível aqui.