• Interesses econômicos afetam saúde pública

    Os alarmantes dados relacionados a doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são hoje uma das grandes preocupações da OMS, assim como a ineficácia dos governos em lidar com o problema. Só em 2008, as DCNTs foram responsáveis por 36 milhões de mortes no mundo, ultrapassando as causadas por doenças infecciosas, além de causar altos gastos de saúde pública. No entanto, poucas políticas sobre o assunto são aprovadas. Qual o motivo por trás desse quadro?

    Para Margaret Chan, diretora-geral da OMS, está clara a relação entre a ineficácia dos governos e os interesses da poderosa indústria de tabaco, alimentos e bebidas alcoólicas. Foi o que ela disse em seu discurso na abertura da 8ª Conferência Global de Promoção da Saúde, realizada este ano na Finlândia. Segundo ela, nenhum país conseguiu lidar com a epidemia de obesidade, em qualquer faixa etária. “Isso não é um fracasso da força de vontade individual. É um fracasso da força de vontade política de enfrentar as grandes corporações”, afirmou.

    Chan também reiterou que as empresas temem a regulação e são uma força contrária à adoção de estilos de vida e hábitos mais saudáveis. Para ela, as táticas usadas pelas corporações as fazem parecer respeitáveis aos olhos do governo e do público, colocando a responsabilidade por hábitos saudáveis somente nos indivíduos e as ações governamentais como uma interferência na liberdade de escolha. Ao mesmo tempo, as empresas fazem lobby, prometem autorregulação e financiam pesquisas que confundem o consumidor.

    A diretora-geral da OMS ressaltou ainda que o poder econômico se traduz em poder político, o que podemos ver com o imenso lobby promovido pelas indústrias contra qualquer tipo de regulação. “Poucos governos dão prioridade à saúde em vez de a interesses econômicos, e, como aprendemos com a indústria do tabaco, uma empresa poderosa consegue vender praticamente qualquer coisa ao público”, falou em seu discurso. Ela terminou reafirmando que, na visão da OMS, “a formulação de políticas de saúde deve ser protegida da distorção dos interesses comerciais”.

    Fonte: Instituto Alana